Os pais possuem muitas dúvidas em responder questões sexuais aos filhos por associarem o tema ao ato sexual e erotismo. Por conta disso, é importante esclarecermos as fases do desenvolvimento infantil em relação ao prazer, para tirarmos as dúvidas – é preciso olhar com cuidado e delicadeza para a sexualidade infantil.
Dra. Beatriz Zilli é psicóloga infantil na Clínica Pediátrica Pueritia
Por volta dos três aos seis anos de idade, as crianças começam a demonstrar mais curiosidade sobre a sexualidade e intimidade do corpo, momento em que os pais começam a se preocupar. Esses interesses se iniciam por conta da fase que a criança descobre seu órgão genital e passa a explorar o prazer que pode sentir através dele.
Nessa fase do desenvolvimento, é muito normal que a criança explore seu corpo e suas sensações e, consequentemente, que sinta o prazer advindo disso, e não há nenhuma ligação com erotismo ou ato sexual.
Aí também ocorre a descoberta das diferenças entre meninas e meninos. Os pequenos demonstram intensa curiosidade em conhecer o corpo de outros coleguinhas, além de questionar a razão anatômica dos dois sexos. Essas dúvidas se referem à autoimagem que a criança está construindo sobre si mesma.
O que eu falo agora?
A partir do momento em que os pais respondem tais dúvidas, falando de maneira confortável sobre a anatomia do corpo, estarão evitando que a criança busque tais informações com colegas de sala ou outros adultos.
Os pais devem contar abertamente que meninos e meninas são diferentes, que quando chegam à fase adulta nascem pelos, os seios crescem, e que isso faz parte do desenvolvimento do corpo.
É importante que seja encontrada uma forma de falar a verdade, de maneira simples. Por exemplo, as crianças podem questionar sobre como se fazem bebês. O melhor modo de ser sincero e fazer com que a criança entenda sobre o assunto é transformar a linguagem em uma linguagem acessível – transformar óvulos e espermatozoides em uma história na qual o homem tem uma sementinha e a mulher um ovinho, onde a sementinha é colocada.
Algumas dicas que podem ajudar nesse momento:
- Prepare seus medos para que se sinta mais seguro e confortável para não ter reações explosivas ou punitivas na hora em que a dúvida aparecer. Tais experiências podem causar traumas e impactar negativamente no desenvolvimento da criança.
- Sem mentiras! Nada de cegonhas. Sinta-se confortável com termos “pênis”, “vagina” e “sexo”, e a criança também ficará.
- Antes de responder a pergunta, entenda de onde a dúvida surgiu. Muitas vezes, a questão não está vinculada a qualquer impulso sexual.
- Na hora de dar conselhos aos pequenos, explique o motivo. Assim fica mais fácil para a criança entender.
- Se necessário, utilize materiais de apoio, como bonecos e bonecas, ou livros infantis com ilustrações.
Lembre-se, sempre, de contar com o apoio de seu pediatra e de outros especialistas que possam contribuir de forma positiva para esta fase da criança. Ao aprender com os pais e ouvir conselhos de bons médicos, evita-se que ela siga conselhos perdidos, de terceiros. A saúde física e mental de seus filhos será beneficiada!