A maioria das amigdalites não precisa de antibiótico!

Postado em 18 de abril de 2019 por .

“A garganta está vermelhinha: tem que tomar antibiótico, né?”

Na grande maioria das vezes, não!

pediatra
Dra. Márcia Fonseca (CRM 156.504), pediatria geral

Essa frase é muito comum, tanto por médicos em prontos-socorros quanto por pais de pacientes. Mas a verdade é que, na imensa maioria das vezes, não é necessário antibiótico para amigdalite porque são quadros virais. Vamos entender por quê?

As amígdalas ou tonsilas palatinas são órgãos constituídos por aglomerados de tecido linfático, produtores de células de defesa do nosso organismo. Localizam-se dos dois lados na parte oral da faringe, no trajeto tanto do sistema respiratório quanto do digestório.

Nessa época em que os quadros virais respiratórios são comuns e recorrentes, também são comuns as amigdalites virem junto. Vários dos vírus que causam a coriza, obstrução nasal, tosse e febre também são responsáveis por causar uma inflamação na faringe e nas amígdalas, causando uma faringoamigdalite, também chamada faringotonsilite (nome mais atual). Essa inflamação se caracteriza por dor para engolir, sensação de garganta irritada, vermelhidão na garganta, aumento do volume das amígdalas, vômitos e até pontos purulentos.

Crianças menores de dois anos que não frequentam creche ou berçário, raramente – quase nunca mesmo! – têm amigdalite bacteriana, e essa chance ainda diminui se apresentam sintomas respiratórios. Ou seja, praticamente não necessitam de tratamento com antibiótico.

E menos de 25% a 30% apenas de todas as amigdalites em crianças de 2 a 15 anos são bacterianas. Portanto, 70% a 75% também não precisam de antibiótico.

O que quer dizer esses números? Que muita criança anda tomando antibiótico sem necessidade, tanto pela prescrição desenfreada de vários médicos, quanto pela pressão das mães não consultórios e prontos-socorros com a alegação deque só melhoram com antibióticos.

E quando o médico suspeita de uma causa bacteriana?

Em criança, em geral maior de dois anos, com febre alta (acima de 39 graus), placas purulentas em amígdalas, SEM sintomas respiratórios, com queda do estado geral, halitose característica e aumento dos linfonodos (gânglios) cervicais.

amigdalites

Uma bactéria temida é o estreptococo beta hemolítico do grupo A, por ser o responsável pela febre reumática. Para saber se é essa bactéria específica, existe um teste rápido com material de raspagem da garganta com um cotonete nas amígdalas. E, a partir do resultado, guia-se o tratamento. Mas infelizmente esse teste não é disponível em muitos lugares, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto em hospitais particulares.

amigdalites

Como tratar as amigdalites virais?

Elas são autolimitadas e, em menos de uma semana, se resolvem. O tratamento passa a ser pelo alívio dos sintomas: aumentar ingestão de líquidos, analgesia para a dor de garganta, arrefecimento e antipiréticos, se existir febre.

Precisamos acabar com esse conceito de que toda dor de garganta com febre precisa do uso de antibióticos! Usar antibiótico em excesso e sem necessidade tem muitas implicações no futuro do seu filho – pense nisso!