Se não tratada, a asma pode matar?

Postado em 11 de setembro de 2019 por .

Notícias recentes sobre falecimento decorrente de asma não apenas surpreenderam, como geraram grande preocupação em muitas pessoas, sobretudo em pais e responsáveis que têm uma criança com asma em casa.

Dra. Ana Carolina Rozalem (CRM 144.468), alergista e imunologista pediátrica da Pueritia

Ela pode ser assim tão séria, que pode causar a morte? Não se trata apenas de falta de ar?

Bem, talvez não seja algo tão simples assim.

A asma é uma doença inflamatória crônica, que afeta a função e revestimento das vias aéreas ou passagens dos pulmões, estreitando e dificultando a respiração – ou seja, merece muita atenção!

Fazer o tratamento é a única alternativa para evitar ou amenizar a gravidade das crises asmáticas. Porém, o maior erro está em abandonar ou suspender este tratamento por conta própria, achando que houve cura quando há uma diminuição ou até desaparecimento dos sintomas e crises.

A asma não tem cura e, sim, controle; deixar ocorrer uma crise grave por falta do uso de medicação e não ter condições de manejar o plano de ação de emergência rápido pode, sim, levar à morte.

Dificuldade em respirar, tosse frequente, chiado no peito, respiração encurtada e dor no peito são os principais sintomas, que normalmente podem piorar à noite e nas primeiras horas da manhã.

Os tipos de asma e seu diagnóstico

A genética é um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da doença; por isso, quando há histórico de asma na família, principalmente nos mais próximos como pai, mãe ou irmão, a chance da criança ser asmática é grande.

E não é só do gene! Um fator modificável muito importante que leva a chiado recorrente, perda de função pulmonar e asma é o tabagismo passivo. Filhos de pais ou cuidadores que fumam tem muuuito mais chance de chiar e se tornarem asmáticos.

Como desencadeantes de crises, as infecções virais e bacterianas são muito importantes; no entanto, esta época do ano, na qual o clima é mais seco e frio, aumenta muito a concentração de poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera, eles são malignos ao fazerem os pequenos chiarem.

A condição pode ser classificada como leve, moderada e grave – e existem alguns tipos que, na infância e adolescência, são mais comuns: a alérgica (a forma que mais acomete) e a decorrente de obesidade, quando alguns pacientes acima do peso acabam desenvolvendo sintomas respiratórios.

Conforme citei, infelizmente a asma ainda não tem cura, mas possui tratamentos capazes de controlar a doença a ponto de o paciente conseguir ter uma vida absolutamente normal, sem sintomas. Você levou seu pequeno ao especialista, ele fez os exames necessários e o diagnóstico é asma – e agora? O primeiro passo é pensar em atitudes para o dia a dia:

•            Evitar o contato com alérgenos como ácaros, bolor e poeira;

•            Deixar a casa limpa e bem arejada;

•            Manter a vacinação em dia – sempre;

•            Fazer o tratamento com a medicação indicada e seguir corretamente com o profissional que prescreveu.

De bem com a asma

O tratamento é único e varia de acordo com cada paciente; por isso, o especialista é quem vai determinar o que se encaixa melhor no caso da criança. De forma geral, a asma é tratada com medicamentos de longo prazo (para prevenir a ocorrência de crises) e de controle de curto prazo (para as crises já existentes). Além disso, se for por decorrência de alergias, o especialista pode recomendar a imunoterapia que atualmente já está disponível na forma sublingual, dispensando as injeções.

É preciso lembrar sempre que o tratamento da asma é CONTÍNUO (em letras maiúsculas mesmo); não basta usar a bombinha somente quando o pequeno tiver uma crise, por exemplo, porque os brônquios do asmático mantêm-se inflamados, novas crises vão ocorrer com grandes chances de serem mais graves e com risco de morte. É importante ficar atento aos sintomas, pois não deve ser normal seu filho conviver com crises esporádicas de tosse e falta de ar.

Fazendo o tratamento correto, é possível viver sem sintomas e com qualidade de vida! A qualquer sinal, procure o alergopediatra, informe a situação do pequeno e, se conhece alguém com asma, também leve essa informação adiante. O controle e acompanhamento correto salvam vidas!