Câncer na infância é raro, mas exige atenção

Postado em 31 de outubro de 2018 por .

O câncer é sinônimo de medo, assombro, impotência e desconcerto. E quando se trata do câncer na infância, os sentimentos são mais aflorados e, às vezes, tratados com alarde. Porém, é preciso saber que a doença em crianças e adolescentes é considerada RARA!

Dra. Juliana M. Franco, pediatra geral e hematologista pediátrica da Clínica Pediátrica Pueritia

Em 23 de novembro, será celebrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil. Resolvi, então, trazer esse assunto para o blog, para que mães, pais e responsáveis entendam mais sobre a doença.

Para começar, é preciso considerar que o câncer ocorre quando as células anormais se dividem incontrolavelmente e destroem o tecido do corpo. É importante destacar que os principais tipos de câncer na infância são as leucemias, os tumores de sistema nervoso central e os linfomas.

É muito frequente me perguntarem se as anemias de diversas fontes podem virar câncer, e isso não existe. As alterações crônicas no hemograma e outras doenças que ele possa mostrar, como anemia falciforme, talassemia ou até queda das plaquetas por PTI (doença autoimune), não se transformam em câncer. Porém, o câncer pode, sim, provocar alterações nos resultados do exame de sangue.

 

Sinais e sintomas sugestivos de câncer na infância

Muitas vezes, alguns sintomas podem ser confundidos com outras doenças comuns na infância – porém, não escrevo isso para criar pânico, mas para manter os pais conscientes. O importante é procurar o especialista caso o pequeno apresente a maioria dos sinais, para obtermos um diagnóstico correto e preciso. Como não existem métodos eficazes para prevenir essa doença, um diagnóstico precoce se faz necessário e é essencial.

De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. Por isso, a importância de ficar atento aos principais sinais e sintomas.

Leucemia (câncer que ocorre na formação das células sanguíneas, dificultando a capacidade do organismo de produzir células normais, resultando em anemia, plaquetas baixas e mais chance de infecções):

  • Fadiga;
  • Febre prolongada por muitos dias, principalmente uma vez só por dia;
  • Palidez;
  • Aumento do volume abdominal, que denota o aumento dos órgãos;
  • Manchas na pele;
  • Dor nos membros.

Linfoma (doenças que ataca o sistema linfático, que atua na defesa do organismo):

  • Aumento do volume do pescoço;
  • Aumento de linfonodos em outras partes do corpo (os “gânglios” ou “ínguas”);
  • Cansaço;
  • Palidez;
  • Aumento de volume abdominal;
  • Dificuldade para respirar.

Tumor do sistema nervoso central (cérebro e coluna vertebral):

  • Dor de cabeça, que tem piora progressiva (aumento da frequência e intensidade com o passar dos dias);
  • Vômitos não precedidos de náuseas (os chamados “vômitos em jato”);
  • Alterações neurológicas (dificuldade para andar);
  • Alterações no olhar (movimentos oculares estranhos);
  • Perda de força.

 

Pediatra: o melhor amigo na detecção

câncer na infânciaO diagnóstico do câncer na infância pode ser feito pelo pediatra baseado nos sinais e sintomas e, para confirmar a suspeita, geralmente são feitos exames de sangue, tomografia computadorizada ou ultrassom e biópsia. Para a criança já diagnosticada, o tratamento é realizado com radioterapia, quimioterapia e, em alguns casos, cirurgia e imunoterapia.

O tratamento do câncer na infância também deve incluir apoio psicológico à criança e toda a família. Elogie diariamente o pequeno, dê atenção, acompanhe-o no hospital, incentive o contato social e diga frases sempre positivas. O diagnóstico traz o medo da dor, ansiedade e insegurança em relação ao futuro; porém, com informações de confiança de um especialista, a situação pode ficar mais leve.

Os pediatras são, assim, figuras centras para realizar uma avaliação médica e instruir de forma correta os familiares. Marque consultas de rotina com o médico de seu filho e observe alterações em seu comportamento ou suas queixas. A detecção precoce é muito valiosa para qualquer doença – no caso do câncer, pode fazer a completa diferença!