Dra. Juliana M. Franco, pediatra geral e hematologista pediátrica da Clínica Pediátrica Pueritia
A Páscoa está chegando, e é inevitável não pensar em chocolate. Porém, quando o foco são os pequenos, oferecer o doce requer mais atenção.
Crianças abaixo de 2 anos não devem consumir, em hipótese alguma, alimentos que contenham açúcar: já foi comprovado que oferecê-lo precocemente aumenta as chances de obesidade e diabetes mellitus tipo 2 na vida adulta. Mesmo que as embalagens coloridas dos doces atraiam a curiosidade delas, elas ainda não têm noção do que é o doce ou chocolate; basta falar “não” e distraí-la com outra coisa.
A partir dos 2 anos, pode-se consumir açúcar e seus derivados em pequenas quantidades. A proibição pode gerar mais curiosidade e compulsão; deste modo, pode-se oferecer pouca quantia de doces às crianças e sempre como “sobremesa”, nunca como refeição.
Sabemos que é difícil controlar os pequenos quando outras crianças estão oferecendo ou consumindo chocolates. Por isso, o ideal é conscientizar os adultos dos malefícios de “entupir” uma criança com esses alimentos. Por outro lado, conversar com seu filho e estipular momentos e quantidades certas para o consumo é a melhor saída.
Assim, na Páscoa, quando a criança ganhar um ovo, você pode dar pequenas quantidades do chocolate (de 30g a 50g por dia) após uma refeição – e evitar oferecer todos os dias.
Qual o melhor tipo?
Vai chegar uma hora em que não há como impedir que a criança experimente – e peça – o doce; por isso, as melhores opções são aquelas com maior teor de cacau, os amargos e meio-amargos. Eles têm menor adição de açúcar e propriedades benéficas do cacau, como redução de risco de doenças cardiovasculares, antioxidantes, anti-inflamatórios e vasodilatadores.
O chocolate branco não contém cacau, portanto, possui apenas grandes quantidades de açúcar e gorduras, sendo os menos interessantes para o consumo de crianças. Já a alfarroba é uma alternativa interessante, pois não contém metilxantinas e precisa de menor quantidade de açúcar para sua produção.
Efeitos do chocolate
O consumo em excesso de qualquer alimento pode levar à intoxicação. Quando há ingestão de grandes quantidades de chocolate a criança pode apresentar diarreia, vômitos e mal-estar. Caso esses sintomas apareçam, deve-se hidratar bastante a criança e, se não houver melhora, procurar um pediatra.
O chocolate e o açúcar têm a capacidade de aumentar a produção de serotonina – um neuropeptídeo que dá sensação de bem-estar e prazer. Ele também possui metilxantinas; a mais famosa delas é a cafeína (em quantidade infinitamente menor que no café), que tem efeito estimulante, até nas crianças.
Dica: é importante não descuidar da alimentação dos pequenos nos dias em que comer chocolate – não é porque comeu o doce que pode abusar de outros alimentos não saudáveis. Aumentar a quantidade de fibras, verduras, legumes e proteínas nesses dias pode ser um bom contrabalanço!