Como melhorar a alimentação do meu filho?

Postado em 18 de outubro de 2018 por .

Condição cada vez mais comum nos dias de hoje é o sobrepeso e a obesidade infantil. Recebo quase todos os dias no consultório alguma mãe ou pai aflito ao perceber que seu filho já entrou nessa estatística e não sabe por onde começar a procurar a solução. Como melhorar a alimentação do meu filho? Bom, a resposta é simples, porém não significa que seja fácil!

Dra. Paula Brito, endocrinologista pediátrica e pediatra geral da Clínica Pueritia

Na maioria das vezes, alguns erros óbvios na alimentação já são identificados pelos próprios pacientes ou pelos pais: excesso de guloseimas (balas, doces, salgadinhos, etc.), sucos de caixinha, refrigerantes e ausência de legumes e verduras. Mas o que me surpreende é ver quase todas as famílias relatando os erros da alimentação de seus filhos como se fosse algo de exclusiva responsabilidade deles. Eu sei que você não quer ler isso, mas, sim: o hábito alimentar errado do seu filho é em grande parte sua responsabilidade!

Antes de começar a discussão de quem é a culpa, vamos tentar ver por outro ponto de vista. O principal meio de educar nossos filhos é através do exemplo, certo? Se os pais costumam brigar muito, reclamar de tudo e jogar lixo na rua, é muito provável que seu filho também tenha esse mesmo tipo de comportamento. Por outro lado, se os pais conversam para resolver seus problemas, respeitam outras pessoas e usam palavras como “por favor”, “obrigado”, “com licença”, é muito mais provável que os filhos sigam esse bom exemplo.

Com alimentação e atividade física não é diferente! Pare um minuto e reflita (sinceramente) sobre a sua rotina: você toma mais água ou suco e refrigerante? Come de lanche uma fruta, um iogurte ou um pacote de bolachas, um pedaço de bolo, um pão de queijo? Você faz atividade física regularmente ou “nunca tem tempo”?

 

Mudar é preciso, e para toda a família

Agora chegamos na parte difícil – porém, não impossível. Para mudar um hábito – ainda mais de um grupo de pessoas, uma família – é necessário um pouco de esforço e força de vontade. Sempre digo que a primeira coisa que precisa mudar é o carrinho do supermercado. Se não tiver o leite condensado, creme de avelã, bolacha, bolo, refrigerante, suco de caixinha e outras tantas coisas no armário, já fica um pouco mais fácil.

alimentação do meu filho“Ah, mas é só o pequeno que tem que perder peso”- será mesmo? E, mesmo que o objetivo de outros membros da família não seja perder peso, uma alimentação mais saudável beneficia a TODOS. Nada tem que ser proibido, mas é muito diferente sair para tomar um sorvete no final de semana do que ter um pote de dois litros no freezer; ou ir a uma festa e comer um docinho ao invés de fazer brigadeiro em casa. Sinceramente, nunca vi um paciente que conseguiu realmente perder peso e que a mãe não tenha vindo toda orgulhosa dizer que perdeu também uns quilinhos.

Portanto, antes de brigar com seu filho ou dizer para o médico que “meu filho não gosta, não aceita nada saudável”, tente fazer esse exercício de refletir sobre os hábitos alimentares e de atividade física da sua família como um todo. Não busque por dietas milagrosas, remédios que prometem resultados rápidos, comidas diet ou light como solução – infelizmente nada disso trará um real resultado.

Também não precisa sofrer pensando em quantos meses de “dieta” você ou seu filho terão que fazer para chegar a um peso X. A ideia é aprender a comer comida saudável, reeducar a alimentação e manter isso sempre! É claro que uma criança que nunca comeu muita fruta ou salada vai resistir um pouco no início, mas com certeza, se ela vir os pais comendo “errado”, ela nunca vai perceber porque precisa fazer diferente.

Aproveite para aprender junto com seu filho: leve-o à feira e experimente frutas diferentes, busque receitas saudáveis de coisas que gostam de comer – e que na verdade não parecem tão saudáveis como, por exemplo, hambúrguer ou pizza. Façam em casa com ingredientes bons e inclua-o na montagem da lancheira paro o dia seguinte. Quando perceber, ninguém sentirá tanta falta daquele chocolate ou refrigerante que estavam sempre ali.

Sendo assim, para ajudar seu pequeno, é preciso refletir, mudar e implementar novos hábitos. Aproveite também para incluir alguns horários para as refeições e tente sentar à mesa com toda a família para comer. Por fim, se pergunte: como está a alimentação do meu filho – e a minha?

Nós, da Clínica Pueritia, estamos sempre de braços abertos para escutar o pequeno e sua família nessa caminhada em busca de uma vida mais saudável. Precisa mudar? Quer tirar suas dúvidas sobre o assunto? Ficaremos felizes em receber vocês!