Durante as férias dos pequenos a alimentação se manteve balanceada? Sabemos que nesse período em casa e de pós-festas, os cuidados acabam passando mais desapercebidos e, depois, a preocupação com a saúde e os quilinhos extras aumenta. E será que ao voltar a uma rotina equilibrada significa que a criança pode consumir produto diet e light sem restrição?
A ingestão exclusiva desses tipos de alimentos pode levar ao déficit de determinados nutrientes sem, obrigatoriamente, reduzir a ingestão calórica. Alimento diet ou light deve ser consumido com orientação médica, e os rótulos devem ser sempre lidos para entender melhor o produto – é importante saber que a alimentação infantil não deve ser, necessariamente, igual à dos adultos.
O uso de produto diet e light sem restrição pode anular a absorção de alguns nutrientes, fibras e vitaminas presentes em diversos alimentos que, para a criança, mesmo em uma dieta restritiva para perda de peso, são indispensáveis. O ideal é priorizar legumes, frutas e folhas – uma alimentação verdadeiramente rica em fibras!
Mas, e nos casos em que há quadro de triglicérides ou diabetes elevado, a criança pode consumir produto diet e light? Sim, as intervenções são necessárias e só será realizada a integração de algum deles na dieta com a orientação do especialista.
Light e diet: entenda cada um
- LIGHT – reduzido em pelo menos 25% de gordura, açúcar ou calorias, quando comparado ao produto convencional. É indicado em dietas de restrição de calorias ou quando é necessário controlar a ingestão de algum nutriente.
Exemplos de alimentos: bolo light (com teor reduzido de açúcar), açúcar light (com teor reduzido de açúcar e inclusão de adoçante), margarina light (com teor reduzido de gordura) e refrigerante ligth (com teor reduzido de calorias).
- DIET – é isento 100% de um determinado nutriente na sua composição, por exemplo: açúcar, gordura ou sódio; são usados principalmente por pessoas que têm diabetes. É importante saber que nem todos os produtos diets apresentam diminuição significativa na quantidade de calorias e, portanto, podem não ser adequados para o emagrecimento.
Exemplos de alimentos: balas sem açúcar, capuccino, geléia e biscoito waffer (todos sem adição de açúcar).
O adoçante na vida do pequeno
Quando falamos dos produtos sem açúcar, a primeira pergunta é: o alimento precisa realmente ser adoçado? Evite ao máximo possível apresentá-los aos seus filhos; afinal, de pequenos, eles nem sabem como é o sabor doce, e você nunca precisará recorrer a este tipo de produto.
O consumo de adoçante tem aumentado na faixa etária pediátrica – mais de um quarto das crianças americanas consomem adoçante, sendo que 80% desse grupo faz uso diário. De acordo com a AAP (American Academy of Pediatrics), antes dos 2 anos de idade a criança não deve consumir açúcar – eles já estarão presentes na própria fruta e leite materno.
A Sociedade Brasileira de Pediatria defende que os pequenos só consumam adoçantes quando apresentarem diabetes ou necessitam controlar a quantidade de glicose no sangue. Crianças expostas a alimentos e líquidos adoçados artificialmente podem sofrer alteração no paladar, sem falar na dependência do doce pode ser gerada.
Ainda segundo a sociedade, pacientes com obesidade e diabetes podem ter algum benefício com o uso supervisionado de adoçante, desde que acompanhado de mudança de hábitos. Vale lembrar que adoçante do tipo aspartame e neotame são contraindicados para crianças com fenilcetonúria (doença congênita e genética).
Devida à dificuldade de quantificar a quantidade de adoçante que é consumido nos produtos industrializados, ainda não há uma orientação sobre valor ideal de consumo diário. Adoçantes à base de stévia e sucralose são os mais seguros, mas também devem ser ingeridos sob prescrição. Uma dica: sempre leia o rótulo de um alimento para conferir qual o adoçante empregado na formulação e, se precisar, tire as dúvidas com o pediatra.
A maioria dos adoçantes é substância de baixo ou inexistente valor energético que proporciona, a um alimento, o gosto doce e ajuda a restringir calorias; por isso, no cardápio da criança, não cabe o papel de adicioná-lo sem ser como aliado de alguma condição – há outras formas de eliminar o sobrepeso infantil.
O exemplo começa em casa
Quando o assunto é obesidade infantil, não tem remédio ou mágica que resolva – as boas e já conhecidas aliadas são alimentação balanceada e atividade física!
Pesquisas recentes do Ministério da Saúde indicam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas; que os pequenos acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos e, consequentemente, têm 89% de chance de serem adultos obesos.
Como aumento desses índices, cresceu o consumo de produtos diet, light e adoçantes. Porém, o tratamento de obesidade infantil anula o uso deles para não prejudicar a saúde e desenvolvimento; a reeducação deve ser comportamental, baseado na mudança de hábito (dieta + atividade física) do paciente e de toda família – a principal ferramenta.
Fica evidente que, em se tratando de restrição e uso de produtos para “emagrecer”, a melhor conduta é reconhecer e modificar os hábitos não saudáveis dentro de casa, e sempre pensar quais alimentos colocar na dispensa, que poderão levar ou perpetuar o ganho de peso excessivo do pequeno. Fique atento e sempre busque orientações do pediatra e endocrinopediatra!