Síndrome do Crupe: séria infecção das vias aéreas

Postado em 20 de abril de 2017 por .

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Dra. Juliana M. Franco, pediatra geral e hematologista pediátrica da Clínica Pediátrica Pueritia

No dia 20 de março, demos adeus ao verão e iniciamos oficialmente o outono. É nessa estação que se iniciam as infecções das vias aéreas superiores nas crianças – as famosas gripes, resfriados e afins. Dentre elas, falaremos de uma que se destaca por sua potencial gravidade: o crupe.

A Síndrome do Crupe é um grupo de doenças que acometem laringe, traqueia e brônquios e podem causar insuficiência respiratória e até a morte. Essas doenças também podem ser chamadas de laringite, laringotraqueíte e laringotraqueobronquite.

A maioria delas tem origem viral (os vírus Parainfluenza, Influenza e Sincicial Respiratório são os mais comuns). Entretanto, em alguns raros casos pode haver origem bacteriana.

Ao atacar a mucosa respiratória, esses vírus causam um edema (inchaço) local, dificultando a passagem de ar e oferecendo às crianças dificuldade de respirar. Em adultos, a doença geralmente não passa de um resfriado.

 

Quais são os sintomas?

Os primeiros sinais do crupe são de uma gripe comum: coriza clara, pouca tosse, febre baixa e pode haver rouquidão.

Em um ou dois dias, iniciam-se subitamente os sintomas mais graves, como tosse ladrante (conhecida como a “tosse de cachorro”), falta de ar, estridor ao inspirar e o uso de musculatura que a criança geralmente não utiliza na respiração (possível de notar quando as costelas aparecem, por exemplo). Agitação e sonolência também podem estar presentes.

Apesar de a maioria das crianças terem apenas sintomas leves que não progridem para obstrução das vias aéreas, os sinais podem evoluir até insuficiência respiratória grave, se não tratados adequadamente. Portanto, caso seu filho apresente os sintomas, principalmente os agravantes, procure imediatamente o pronto-socorro.

 crupe

Identificando a doença

O diagnóstico é clínico, ou seja, o médico pode fazer esse diagnóstico apenas ouvindo o relato dos sintomas desde o começo, associado ao exame físico. As radiografias não são necessárias neste caso – apenas se houver dúvida diagnóstica ou caso a criança não evolua como esperado. Alguns hospitais oferecem a pesquisa viral, que pode indicar o agente causador da doença; porém, esta identificação não modificará o tratamento.

Na maioria dos casos, o tratamento é feito com corticoides e inalações com soro fisiológico. Entretanto, nas situações mais graves, pode ser necessária a inalação com adrenalina (medicação com duração aproximada de duas horas). Após este período, a criança pode voltar a piorar; por isso, o paciente deve ficar em observação de três a quatro horas para verificar se há piora dos sintomas. Já a intubação traqueal raramente é necessária.

Se a criança não apresentar sinais de gravidade, ela pode ser liberada. Caso apresente episódios recorrentes, devem-se investigar outras causas, como refluxo gastroesofágico e anormalidades congênitas.

 

Previna-se!

Para evitar o desenvolvimento de tais doenças, lave as mãos toda vez que pegar bebês e crianças, evite beijos no rosto e contato com pessoas minimamente doentes – pois podem transmitir vírus que causam um verdadeiro estrago na saúde dos pequenos.

A prevenção é sempre o melhor remédio!