A desatenção define o TDAH, e não a hiperatividade

Postado em 9 de novembro de 2017 por .

pediatra

Dra. Márcia Fonseca, pediatra geral da Clínica Pediátrica Pueritia

“Meu filho é inquieto e está com dificuldade na escola: ele tem TDAH?”

É muito comum ouvirmos essa pergunta em consultas. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é neurobiológico, genético e hereditário, e também pode ser causado pelo uso de drogas como cigarro e álcool durante a gravidez.

O transtorno se expressa obrigatoriamente com desatenção, e parte dos casos com hiperatividade e impulsividade associadas, ou seja: há os tipos desatentos e os combinados, que apresentam desatenção associada à agitação.

Portanto, uma criança agitada, mas que não é desatenta, não tem TDAH. Já uma criança desatenta, mesmo que sem agitação e hiperatividade, tem o transtorno.

 

Quem é desatento?

Como desatento, entende-se por uma excessiva dificuldade em manter o foco em uma atividade que exija esforço mental prolongado ou que precise ser desempenhada com regras e prazos pré-determinados.

Também é característica de quem apresenta dificuldade para começar e terminar suas tarefas como, por exemplo, pintar um desenho inteiro, assistir a um filme, etc. Além disso, há excessiva dificuldade de memorização, a criança não consegue corrigir erros nas tarefas, sejam cotidianas ou escolares, e tem dificuldade em síntese e análise.

São crianças excessivamente desorganizadas e esquecidas – têm aversão à frustração (não toleram o ‘não’ e a espera) e apresentam desorganização motora e espacial (caem muito, batem nas coisas, etc.).

déficit de atenção e hiperatividade

 

Cuidado: crianças agitadas são diagnosticas mais cedo; as desatentas, não!

Normalmente, as crianças com agitação associada são mais diagnosticadas, já que chamam a atenção de pais e, principalmente, de professores desde o início, o que os leva a procurar ajuda.

Os que são apenas desatentos tendem a passar despercebidos no início e a serem diagnosticados mais tardiamente, quando, infelizmente, já há prejuízo no aprendizado – leitura e matemática, principalmente.

Portanto, se você tem alguma dúvida sobre o comportamento e as respostas do seu filho aos estímulos, procure um pediatra para primeira avaliação o mais precocemente possível!

 

Muitas crianças levam a TDAH para a vida adulta

Na maioria dos casos, os primeiros sintomas surgem até os 7 anos de idade, e quase todos antes dos 12. O TDAH é um transtorno relacionado ao desenvolvimento; portanto, é nessa fase, de 0 a 12 anos, que vamos perceber os sintomas.

Cerca de 6% a 11% das crianças têm TDAH; já entre os adultos, a marca está em 3%, o que mostra que 80% das crianças continuaram com TDAH na adolescência e, destes, 50% na vida adulta.

O tratamento é individual, mas, geralmente, associa-se a psicoterapia à medicação. Acompanhamento interdisciplinar é necessário e obrigatório alinhando o pediatra, o psicopedagogo, o professor, o neurologista e os pais, para garantir qualidade de vida aos pacientes.

O diagnóstico precoce é um grande aliado da criança para combater o transtorno. Por isso, procure um pediatra e obtenha uma avaliação confiável de seu filho para que o tratamento adequado lhe seja aplicado o quanto antes.

Mesmo se você tiver dúvidas dessa necessidade, o ideal é cercar-se de certezas. Venha conversar conosco na Pueritia: teremos prazer em atender sua família e identificar em seu pequeno quaisquer sintomas que possam ser tratados para uma vida com qualidade!