Falta de ferro na infância: consequências além da anemia

Postado em 7 de julho de 2022 por .

O ferro é um micronutriente essencial para o nosso corpo e, consequentemente, para o desenvolvimento da criança. Engana-se quem acha que a falta de ferro na infância pode desencadear apenas a anemia: as complicações podem ir bem mais além. Mas, pais e cuidadores, acalmem-se, porque tem como investigar e tratar a condição. 

A falta de ferro não apresenta sintomas e só é diagnosticada por meio de exames de sangue. O hemograma pode dar pistas da ferropenia, caso haja tamanho reduzido das hemácias (VCM baixo) com ou sem anemia.

Porém, como mencionei, não é só a anemia que causa preocupação. A falta de ferro na infância pode comprometer as aquisições cognitivas, que afetam o desempenho escolar de forma irreversível; prejudicar as funções do sistema imunológico, o que ajuda a aumentar o risco de possíveis infecções; e prejudicar o crescimento infantil. Ou seja, o ferro não tem apenas funções nas células do sangue – ele tem vários papéis em nosso organismo. 

Investigação da falta de ferro na infância 

A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria recomendam a coleta de hemograma a partir de 1 ano de vida para pesquisa de anemia. Caso esse exame esteja normal, não há necessidade de repetí-lo “de rotina” – ele deve ser repetido apenas se a criança apresentar fatores de risco ou suspeita clínica de anemia. 

Os fatores de risco mais importantes para anemia e ferropenia são: alimentação inadequada (excesso de besteiras e redução de alimentos ricos em ferro – principalmente proteínas animais), crianças com alimentação vegana ou vegetariana sem acompanhamento nutricional, e não ter utilizado o ferro de forma preventiva nos primeiros 2 anos de vida. 

A criança está em pleno desenvolvimento, tanto físico quanto intelectual; portanto, sua demanda de ferro é bastante elevada. Por isso, é importante sempre manter as consultas com o pediatra e os exames, quando indicados, sempre em dia. 

Um olhar atento do médico ao hemograma ajuda a identificar alterações sugestivas de déficit de ferro.

E é sempre bom lembrar: não é normal ter falta de ferro na infância! Nas crianças pequenas e nos adolescentes, quando o crescimento é acelerado e a demanda de ferro é alta, a falta de ferro pode ser explicada apenas pela menor ingestão de fontes de ferro e maior demanda do corpo.

Entretanto, em outras idades ou em crianças que têm alimentação adequada, é sempre importante pesquisar as causas, como dificuldade de absorção desse nutriente pelo intestino. O hemato-pediatra consegue ajudar a identificar corretamente a causa, sugerindo o melhor tratamento para cada criança.

Reposição de ferro é essencial nos primeiros anos 

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é que, a partir do terceiro mês de vida (para crianças com fatores de risco) ou sexto mês (para aquelas sem fatores de risco) e até os 2 anos, a criança receba a reposição de ferro de forma preventiva. Os bebês prematuros ou aqueles que nasceram com menos de 2,5kg devem começar a reposição no primeiro mês de vida, com doses maiores no primeiro ano, e voltando à dose usual até os 2 anos.

Vale ressaltar também que os principais alimentos que fornecem boas quantidades de ferro são proteínas animais e leguminosas (feijão, grão de bico, soja…). Alguns vegetais têm grande quantidade de ferro também, mas a sua absorção pelo corpo não é tão eficiente e, além disso, essas quantidades são contabilizadas a partir de 100g de alimento. Como os vegetais costumam ser leves, é difícil que consigamos comer, por exemplo, 100g de beterraba ou couve. Assim, é importante manter uma refeição variada e, nos casos de restrição de algum grupo alimentar, é imprescindível o acompanhamento nutricional. 

Ah, e lembre-se de que a educação alimentar para uma dieta balanceada, nutritiva e saudável deve fazer parte de toda a família – quando a criança tem o exemplo dentro de casa, fica muito mais fácil fazer com que ela siga o hábito também.
Qualquer alteração no hemograma precisa de atenção e cuidado médico. Portanto, converse com o pediatra e tire todas as dúvidas. Agende uma consulta comigo e vamos juntos cuidar do seu filho!