Hérnia inguinal e umbilical em crianças: o que são?

Postado em 14 de fevereiro de 2019 por .

“Doutora, e o que é hérnia?”

Basicamente, é uma “saliência” de consistência mole que surge quando um tecido ou órgão de dentro do abdome escapa por meio de um orifício que se abriu na musculatura. Aproximadamente 60% das hérnias são do lado direito, 25% do lado esquerdo e 15% bilaterais.

O diagnóstico em crianças é baseado na história clínica e exame físico realizado no pequeno, e os dois tipos mais comuns são a hérnia inguinal e a hérnia umbilical.

A condição ocorre do nascimento aos primeiros anos de vida, e a hérnia inguinal (na região da virilha) acomete de 3% a 5% dos recém-nascidos, sendo mais comum em meninos prematuros e em meninas de baixo peso.

Hérnia em meninos e meninas

Nas meninas, a hérnia inguinal pode ser causada por uma parte da Trompa de Falópio (canal que liga útero e ovários) ou de um próprio ovário, que ficam salientes. Já a ocorrência em crianças do sexo masculino está relacionada aos testículos – isso porque eles se desenvolvem dentro do abdômen e, durante o sétimo mês de gravidez, descem para a bolsa escrotal.

No caminho da parede do abdômen, eles passam pelo canal inguinal e, depois que alcançam o escroto, essa abertura do canal deve fechar; porém, em alguns casos, o fechamento não ocorre e uma hérnia se forma nessa região. Esse tipo tende a ser mais comum que a umbilical e, em diversos casos, só dá para ser notada quando a criança está em pé, andando ou fazendo esforço.

A hérnia umbilical é mais frequente em bebês e crianças, e normalmente tem origem congênita (presente desde o nascimento). Apesar de ser frequente, a verdadeira causa é desconhecida, porque a maior parte dos casos se resolve de forma natural.

Atenção às saliências ajuda a identificar a hérnia

hérnia

No caso das hérnias inguinais, a protuberância (parte mais elevada) ou inchaço na virilha são sintomas que podem ser percebidos nas crianças com suspeitas de hérnia inguinal; nos meninos, o inchaço pode ser visto no escroto. Essas saliências podem ficar presas e não sumirem ou diminuem quando o pequeno estiver relaxado; neste caso mãe, pai ou responsável, é preciso ficar atento e consultar o médico imediatamente.

Já as hérnias umbilicais apresentam uma parte mais elevada próxima ao umbigo, que pode variar entre o tamanho de uma ervilha ao de uma pequena ameixa. Elas geralmente não são dolorosas e podem ser vistas quando a criança chora ou realiza algum esforço (tossir, chorar ou pegar peso, por exemplo).

A hérnia inguinal, quando diagnosticada, necessita de cirurgia para sua correção – procedimento comum da infância. Agora, a hérnia umbilical raramente requer intervenção médica, pois tende a desaparecer sozinha. Estima-se que cerca de 80% a 90% destes tipos de hérnias terão fechado quando a criança tiver completado três anos de idade.

Em ambos os casos a avaliação e o diagnóstico final de um cirurgião pediátrico são essenciais; portanto, ao notar uma saliência na virilha ou umbigo da criança, procure o especialista e tire todas as suas dúvidas! Lembre-se de que a prevenção e o diagnóstico precoce podem oferecer mais qualidade de vida a seu pequeno!

Por Dra. Fernanda Yuri Takamatsu (CRM 139.059), Cirurgiã Pediátrica da Clínica Pediátrica Pueritia