Com o início de mais um ano, muitos pais estão se perguntando se é a hora certa de colocar o filho na escola; então, resolvi falar um pouquinho sobre esse tema com vocês.
Dra. Márcia Fonseca, pediatra geral da Clínica Pediátrica Pueritia
A primeira coisa e a mais importante a ser falada: siga seu coração de mãe/pai/responsável; tente combinar isso com uma análise mais racional da situação para escolher o melhor caminho para a família de vocês. Nenhuma é igual à outra, as rotinas, necessidades e culturas são diferentes. Há muitas imposições na maternidade sobre “horas certas” para tudo, mas não existe regra, não se culpe!
Existem diversos estudos na área – alguns falam dos benefícios de colocar o filho na escola mais cedo e, outros, dos malefícios, porém, ainda sem consenso! Então o que fazer?
Se você está vivendo isso, se acalme e reflita sobre o que você pode e quer fazer. E se você convive com alguém que esteja passando por esse impasse, tenha empatia, não julgue! É válida toda decisão, desde aquela em que a mãe ou o pai larga o emprego para ficar com o filho, até a que vai para o berçário aos quatro meses.
Quando preciso colocar o filho na escola?
O ensino obrigatório é a partir dos quatro anos de idade. Para entrar no ensino infantil, a criança precisa ter quatro anos completos até 31 de março e, para o ensino fundamental, seis anos completos também até 31 de março do ano vigente, segundo as novas regras do Supremo Tribunal Federal (STF).
A dúvida maior é o que fazer no intervalo entre a licença maternidade e os quatro anos. Considerando-se o contato maior com outras crianças e, com isso, a propagação de doenças, principalmente as virais, sendo as respiratórias as mais comuns, quanto mais os pais puderem esperar, melhor. Vai evitar ela ficar resfriada se tiver dois anos? Não, mas a gravidade e o incômodo podem ser menores se comparados a um resfriado em um bebê de seis meses.
Babá ou avó/família x escola/creche
Neste caso, é preciso entender que cada família tem sua formação, e é preciso pesar o ganho social, cognitivo e emocional da criança. Se existe alguém com quem o pequeno tem um vínculo afetivo, acho válida essa opção por um maior tempo possível, desde que a demanda da criança por atenção e cuidados possam ser atendidas. Afinal, com o passar do tempo, ela pede por mais atenção ao brincar; pense se ela terá onde brincar, correr, conversar e ter alguém que conte histórias.
Agora, se você tem uma babá de confiança e ela consegue, também, dar essa atenção e interagir de acordo com as necessidades da idade da criança (há várias com ótimos treinamentos de estímulo), dentro de um ambiente em que o pequeno se sinta seguro e sem permitir que ele se torne refém de telas de celulares, computadores e notebooks (atenção a esse ponto!), pode ser uma boa opção – pelo menos até os dois anos, que é quando a demanda por interação social com outras crianças aumenta.
Ir para a escola, lugar diferente e pessoas distintas pode gerar estresse na criança; por isso, a necessidade de uma adaptação progressiva ao ambiente escolar e aos funcionários. Existem crianças que já no primeiro dia interagem e se apegam aos cuidadores, já outras precisam de mais tempo. Tentem se programar para uma adaptação lenta, se necessário, fiquem atentos aos sinais de insatisfação, angústia e medo da criança e, se for possível, tentem até adiar um pouco mais a decisão para o próximo semestre.
A escolha da escola é crucial para deixar os pais seguros e felizes com sua decisão. Na próxima semana, falaremos aqui no blog sobre como escolher a escola e as diferentes correntes pedagógicas – não perca!