Isso é normal, doutora?

Postado em 20 de julho de 2017 por .

Dra. Ana Carolina Rozalem, pediatra geral, alergista e imunologista da Clínica Pediátrica Pueritia

O bebê chegou! Foram nove meses de preparação e aqui está ele, formadinho com os vinte dedinhos, todo desenvolvido… Será?

Na verdade, o recém-nascido saiu da barriga, mas seu desenvolvimento ainda continua. Algumas características dessa “imaturidade” são diferentes dos adultos; por isso, mamães e papais podem estranhar. Mas não é preciso se preocupar: entenda algumas dessas mudanças que acontecem com os bebês para passar por esta fase de forma tranquila.

 

A pele

Descamação: é normal que a pele do bebê descame nas primeiras semanas de vida. Sem tratamento específico, o uso de um hidratante neutro e sem fragrância ajuda a proteger e hidratar a pele.

Miliária (brotoeja): são pequenas vesículas (bolhas) que ocorrem principalmente em regiões da cabeça, pescoço e de maior calor (como dobras e tórax). Começam na primeira semana de vida do bebê, e a grande maioria tem resolução espontânea e não causa incômodo algum. A causa é relacionada a tudo que aumente a temperatura do corpo: calor, roupas sintéticas – sempre prefira as de algodão – e febre, entre outros. Não aplique nenhum creme e só tente mantê-lo fresquinho.

Eritema tóxico: de causa desconhecida, são pequenas bolinhas brancas ou amarelo-claras com pele avermelhada em volta. São comuns na primeira semana de vida do recém-nascido e, às vezes, aparecem e desaparecem em algumas horas. Benignas, não precisam ser motivo de preocupação e nem de tratamento específico.

Crosta láctea (dermatite seborreica): caracteriza-se por escamas oleosas e amareladas dispersas na pele, principalmente em couro cabeludo e face (nariz e sobrancelhas), e ocorrem nos bebês de até um ano de vida. Sua causa é desconhecida, mas acredita-se que tenha a ver com a passagem de hormônio materno nas últimas semanas de gravidez. Passar um óleo antes do banho e usar delicadamente um pente ajuda as escamas a se soltarem.

Manchas salmão: lesões planas, róseas ou vermelhas localizadas na linha média da cabeça – pálpebra e testa (“beijo do anjo”) ou nuca (“bico da cegonha”). A maioria regride espontaneamente e não precisa de tratamento.

Manchas mongólicas: manchinhas azuis acinzentadas na região lombar, perto das nádegas, causadas pelo acúmulo de pigmento na região. Mais comuns em crianças orientais ou de pele escura. Não necessitam de tratamento, pois desaparecem nos primeiros anos de vida.

Os soluços e espirros

Recém-nascidos soluçam muito devido à contração involuntária do músculo diafragma, que separa tórax do abdome. Isto ocorre porque o músculo é imaturo e também porque o bebê engole muito ar, distendendo o estômago. Não há motivo para se preocupar, pois ele já soluça desde a barriga da mãe e, conforme cresce, a frequência diminui.

Espirros também são muito frequentes desde o primeiro dia de vida. É um reflexo natural desencadeado por mudanças de temperatura ou para expelir líquidos que estejam incomodando. Não significam que esteja com frio, doente ou com rinite!

 

As fontanelas e suturas

Nos primeiros dias, pode haver alguns “degraus” na cabeça do recém-nascido, pois um osso se sobrepõe ao outro durante o período intrauterino e a passagem pelo canal de parto, mas isso se normaliza com o passar dos meses. As “moleiras” começam a fechar com seis meses e terminam depois de um ano e meio de vida. São molinhas, mas resistentes, podem pulsar, serem apalpadas e acariciadas como o resto da cabeça.

 

Os tremores

Até cerca de três meses, os bebês apresentam tremores dos braços, pernas e queixo, na maioria das vezes, relacionados ao movimento ou choro, e denotam imaturidade da musculatura. Vão desaparecendo normalmente com o passar das semanas. O “Reflexo de Moro”, aquele sustinho que o bebê toma com barulho ou movimentação e leva a abertura dos braços, também é normal e desaparece até os três meses.

 

A respiração

O recém-nascido possui respiração diferente dos adultos, mais rápida, com algumas pausas – máximo de três segundos – e seguida por respirações curtinhas.

O nariz, por ser muito pequeno, entope com facilidade e frequentemente produz uma respiração ruidosa. É sempre importante usar soluções salinas para a lavagem e, desde que a obstrução não atrapalhe o sono e a mamada, ter paciência, pois a melhora virá.

 

A visão e a audição

Diferente da audição, que já esta completamente madura no fim do primeiro mês, a visão do bebê vai se desenvolver até os dois anos de vida. Nos primeiros meses, a visão do bebê é embaçada, mas distingue luz, formas e movimentos. Enxerga com clareza até 30 cm a 40 cm, então o rosto de quem o carrega é a coisa mais interessante que ele vê.

O fato do pequenino não saber usar os dois olhos ao mesmo tempo é comum e faz com que fique ‘vesguinho’ ao tentar focalizar algo, o que se normaliza perto do segundo mês.

Aos três meses, ele já enxerga cores fortes, e com oito vê uma pessoa do outro lado da sala e diferencia cores.

 

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