Meu filho não come, e agora?

Postado em 30 de agosto de 2018 por .

Uma das queixas mais comuns dos pais no consultório é a de que o filho não come! Esse assunto é muito extenso, tem muitas variáveis e cada caso deve ser verificado individualmente. Por isso, o mais importante é: não force a

pediatra

Dra. Márcia Fonseca, pediatra geral da Clínica Pediátrica Pueritia

barra ou use distrações, esqueça a chantagem e liberte-se! A culpa não é sua!

A criança apresenta fases de redução do apetite e recusa alguns alimentos ao longo de seu desenvolvimento. Mas preste atenção: na maior parte das vezes, os pais e cuidadores reforçam ou pioram os maus hábitos alimentares.

Será que o pequeno não come mesmo? Qualidade ou quantidade? E o cardápio?

Trago 11 dicas e explicações sobre o assunto para ajudar de alguma forma as mães e pais que estão passando por essa fase:

 

  1. Será que seu filho não come mesmo? É normal a criança diminuir – e muito – a quantidade de comida a partir de um ano de idade, pois a velocidade de crescimento dela diminui bastante. E não é verdade que com dois anos ela vai comer o dobro do que comia com um ano e um ano e meio, mas elas podem se alimentar próximo à quantidade que elas ingeriam aos nove meses, por exemplo.
  2. filho não comeComer bem x comer muito: é preciso dar muito mais atenção à qualidade dos alimentos oferecidos do que à quantidade em si. Use comida de verdade, sem alimentos ultraprocessados e na proporção certa de cada grupo (cerais e tubérculos, carnes ou ovo, legumes e verduras).
  3. Não dar beliscos ou guloseimas nos intervalos. Às vezes, o apetite já está muito reduzido e só aquele biscoito pode fazer com que ele pule o almoço. Espere o horário da próxima refeição.
  4. Não faça chantagem, não fale que está triste porque ele não comeu e não faça festa quando ele raspar o prato. Isso prejudica a criança a aprender se está saciada ou não e, o mais importante, faz com que ela perca o interesse e o prazer da comida em si.
  5. Diversifique o cardápio! Apresente várias vezes e de formas diferentes o alimento recusado, não esconda um ingrediente específico na comida com outros – ofereça, ofereça e ofereça.
  6. Bebês em introdução alimentar devem conhecer o alimento, não só o sabor, mas a textura, o cheiro. Não brigue se ele amassar, se sujar todo, demorar para comer e só ingerir um pedacinho. Explorar o alimento nessa fase facilita o aumento da aceitação depois.
  7. Não use de distrações (tablets, celulares e TV) na hora da refeição. Ela não irá prestar atenção no que está comendo, não sentirá o sabor dos alimentos, vai perder a noção da saciedade e ficar longe do convívio familiar.
  8. Tente sempre fazer a refeição junto com as crianças; elas aprendem a comer vendo os adultos comerem. Portanto, se não tiver verde no seu prato, não tem como exigir que tenha no delas. A mudança para comida de verdade tem que ser da casa toda!
  9. Prato colorido chama mais a atenção e é mais saudável – mas não os alimentos coloridos artificialmente, ok? Pode fazer bichinho de comida? Desenho no prato? Pode! O que não pode é ficar refém desse artifício.
  10. Inserir a criança no preparo dos alimentos é uma ótima ideia. Se tiver oportunidade, fazer a plantação deles (manjericão em um vaso, por exemplo) também ajuda a criar vínculo maior com a comida saudável.
  11. E por último, mas não menos importante: será que ele não está apenas saciado? Fique atenta aos sinais de saciedade do seu filhote. Quando satisfeitos, eles demonstram sinais como fechar a boca e virar o rostinho para o lado; começam a ficar agitados na cadeira, choram, tentam bater na colher ou no prato de alimento e muitas vezes tentam jogar longe – aqui em casa, o meu filho começa a oferecer para o cachorro. Fique atento se não quer que ele coma a quantidade que você considera ideal.

 

filho não come

 

É importante prestar atenção e acompanhar o desenvolvimento de seu filho. Mesmo com estas dicas, você pode ter dúvida se é uma fase ou se há algum transtorno alimentar; pode estranhar a relação do seu filho com a comida em geral ou com algum alimento específico.  Procure um especialista capacitado, converse com seu pediatra e veja a necessidade de acompanhar com um nutricionista.