O meu puerpério e coisas que eu acho que podem fazer o seu mais leve

Postado em 20 de setembro de 2019 por .

O puerpério não é um período fácil. É um período de mudanças radicais em muito pouco tempo, de tempestade hormonal, de privação de sono e, muitas vezes, de dor – física mesmo, nos mamilos, no corte da cesárea, no corte da laceração do parto normal… Então, se você não está preparada, pode virar um pesadelo.

O meu puerpério não foi tão catastrófico (graças a Deus e às pessoas que eu vou mencionar aqui!)… E eu queria falar o que eu senti para tentar talvez te ajudar, para que o seu possa ser um pouco mais leve também.

Dra. Juliana Franco (CRM 156.488), hematopediatra e pediatra geral da Pueritia

Existem coisas que a gente não controla. E para elas, precisamos apenas estar preparadas. Eu não tenho controle sobre as alterações hormonais do meu corpo, mas sabia que elas poderiam acontecer. Fiquei, então, atenta aos sinais. Avisei meu marido para ficar atento também. Felizmente não tive uma queda de hormônios brusca, ou então me adaptei bem a ela. Mas o importante era que eu estava preparada – eu sabia que poderia ficar mais chorosa, ou mais irritada, ou até sem sentir muito afeto pelo meu bebê. E se algo assim acontecesse, eu buscaria ajuda para tentar resolver o quanto antes!

É também importante escolher bem o médico ou médica que vai te acompanhar nesta jornada! O contato próximo (seja por mensagem, telefone ou email) ajuda a tirar dúvidas importantes – como por que suas mamas não doíam antes e começaram a doer. Não espere a próxima consulta! Fale logo com o pediatra ou obstetra para ver se você pode fazer algo para te ajudar.

Não é normal sentir dor! Eu tive alguns percalços durante a amamentação. Mas logo que notava algo diferente, já entrava em contato com a pediatra e ela me orientava nas melhores condutas para que a dor cessasse logo e eu não desistisse de amamentar (lógico que eu ser pediatra e saber de algumas coisas também ajuda, mas quase tudo o que eu sei pode ser passado na consulta pré-natal e nas primeiras consultas!).

Outra situação para a qual é preciso estar preparada é para a privação de sono. Claro que ninguém vai ficar passando noites em claro antes de precisar. Inclusive recomendo fortemente que as gestantes durmam o máximo que puderem – no último mês de gestação, eu pude dormir bastante e acho que isso me ajudou a estar descansada para as noites sem dormir quando meu bebê chegou.

Depois do nascimento, os bebês acordam muito durante a noite, trocam o dia pela noite (e isso é esperado já, faz parte da fisiologia dos bebês) e choram bastante também. Eu sabia que isso aconteceria. Estava preparada. É fácil não dormir à noite? De jeito nenhum! Na primeira acordada da madrugada eu estou podre… Mas tento não pensar em nada e só agir “mecanicamente”: sento, pego o bebê (que dorme em um berço ao lado da minha cama), coloco para mamar e espero que ele durma novamente para que eu possa voltar a dormir.

É impressionante, mas durante o dia não dá tanto sono. E sempre que eu posso, tento dormir à tarde quando meu bebê está dormindo também.

Rede de apoio no Puerpério

E aqui entra a rede de apoio! Eu tive a sorte de ter na minha vida pessoas maravilhosas como minha sogra e minha mãe me auxiliando. Minha sogra veio quase todos os dias em casa ficar comigo e com meu filho e ela dizia: ‘vai descansar menina, eu fico com o bebê!’. E então eu podia dormir tranquila por duas ou até três horas.

Elas faziam comida e traziam coisas da rua que eu precisasse.

Meu marido foi parceirão também. Entrou na dança do cuidado com o bebê comigo e com as vovós e, assim, fomos dando conta de tudo.

Tenho também a oportunidade de ter uma pessoa muito querida que vem uma vez por semana limpar a minha casa, e o faz com muito carinho. Minha casa é pequena e eu tenho muitas máquinas que me auxiliam nas tarefas diárias – máquina de lavar louça e roupa, robô que varre o chão… Quase a casa dos Jetsons! (Me denunciei na idade agora, hein?!? Rsrs…)

Lógico que eu sei também que tem gente que não tem todo esse suporte. Que não tem tantas máquinas em casa, que mora longe da família. Mas aí, precisamos montar outra rede de apoio. Tentar falar com amigos e conhecidos – a rede de apoio não precisa ser só a família. E usar a tecnologia a nosso favor! Hoje em dia temos vários aplicativos para comprar comida, quentinha (para não ficar só comendo bobagem no puerpério), fraldas, iten de farmácia…

Tente se programar! Não tente fazer tudo sozinha! Para criar uma criança, precisa-se de uma aldeia! Não seja sozinha! Nem que seja uma produção independente, rodeie-se de amigos! Peça ajuda nem que seja ao porteiro ou ao vizinho! Você não tem que fazer tudo sozinha! E era esse o mantra da minha cabeça: eu não vou fazer tudo sozinha. Quem me conhece sabe o quão controladora eu sou e gosto de fazer tudo do meu jeito. Mas, para não ficar pesado, eu relevei e deixei todos me ajudarem. E isso foi sensacional – primeiro porque eu não fiquei tão cansada e, segundo, porque consegui ver que não é só o meu jeito que é certo. As pessoas fazem as coisas do jeito delas e chegamos ao mesmo fim.

E assim foi indo meu puerpério… Com dificuldades, claro, mas rodeado de amor e ajuda e, por isso, mais leve do que eu imaginava!

Espero ter te ajudado de alguma forma.

Portanto, prepare-se! E não ache que será um conto de fadas! Quanto mais informação acerca do que está por vir você tem, mais preparada está para o que vai viver!