O susto da convulsão febril

Postado em 21 de dezembro de 2017 por .

pediatra

Dra. Paula Jungmann Brito, pediatra geral e endocrinologista pediátrica da Clínica Pediátrica Pueritia

Uma das situações que mais preocupa os pais é a convulsão febril. Apesar de ser uma condição que não deixa sequelas, pode assustar bastante ao ser presenciada e, por isso, é importante saber um pouco mais sobre ela.

A convulsão por febre ocorre em até 5% das crianças entre seis meses e cinco anos de idade, devido a um aumento rápido da temperatura – que é mais impactante do que a temperatura final da criança.

Na maioria das vezes é “típica” ou “simples”: abalos de braços e pernas, perda de consciência, períodos que duram menos de dez minutos e não se repetem em menos de 24 horas ou durante aquele quadro infeccioso. Na crise ”atípica” ou “complexa”, o abalo pode ser de apenas uma parte do corpo (mão, pé, movimento mastigatório) ou só a perda de consciência e falta de respostas da criança, pode durar mais do que dez minutos e recorrer no mesmo dia.

 

Não tente segurar a língua da criança

Durante a crise, o mais importante é manter a calma!

  • Deite a criança de lado, pois ela pode salivar bastante ou vomitar;
  • Proteja sua cabeça, apoiando-a em algo macio, além de afastar objetos em sua volta;
  • Se possível, use o relógio e controle a duração da crise; este é um dado importante para o médico;
  • Não tente colocar seus dedos na boca da criança para segurar a língua, pois isso não ajudará em nada e pode ainda machucar quem tentou ajudar;
  • Da mesma forma, não tente medicar a febre ou oferecer qualquer coisa pela boca, pois a criança pode engasgar e aspirar aquilo para o pulmão, podendo gerar complicações sérias;
  • É importante, porém, documentar que houve febre, através da medida com termômetro de uma temperatura maior ou igual a 38˚C.

Após a crise, a criança pode ficar sonolenta e confusa por um tempo; isso é normal. Em geral, é nessa fase que ela dá entrada no hospital, e deve ser avaliada por um pediatra para determinar o foco da febre e se há necessidade de exames.

Em crianças menores ou sem foco evidente de infecção, exames de sangue, urina e até liquor (punção do líquido da coluna) podem ser necessários. Mais raramente, pedem-se exames de imagem, como tomografia e ressonância de crânio. Essa decisão cabe ao pediatra, e o relato do tipo de crise, duração, antecedentes familiares e da própria criança serão essenciais para definir isso.

convulsão febril

 

Pode acontecer de novo?

Depois do susto, a nova angústia é “Vai acontecer de novo?”, e a resposta é “Provavelmente, não”.

Um terço das crianças que tiveram convulsão febril terá um novo episódio, sendo as menores de 18 meses e com antecedente familiar de convulsão (febril ou não) as que têm maior risco de recorrência.

Com o passar do tempo, esse risco cai – a maioria das crianças tem o segundo episódio em até um ano depois do primeiro. A chance de essa criança desenvolver epilepsia (crises convulsivas sem febre) é ainda menor, de cerca de 2%.

Crianças que apresentarem dois ou mais episódios de convulsão febril devem ser avaliadas e acompanhadas pelo neuropediatra, que definirá se há ou não necessidade de tratamento profilático para evitar novas crises.

Portanto, por mais desesperador que seja presenciar uma crise convulsiva, tenha em mente de que é algo pontual, que não deve gerar sequelas à criança e talvez nem se repita. O importante é manter a calma e saber o que fazer ou não nesse momento.

Por outro lado, nunca subestime qualquer sinal de seu filho, que deve ter seu crescimento acompanhado por um pediatra. Para dúvidas ou simplesmente para ajudar em suas decisões, nós estamos aqui! Conte com a Pueritia!