Dia Mundial da Prematuridade: o avanço no desenvolvimento e cuidado

Postado em 16 de novembro de 2019 por .

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 15 milhões de bebês nascem prematuros a cada ano no mundo. Já no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, nascem em torno de 340 mil prematuros anualmente – são 931 por dia, uma taxa de prematuridade de 12,4%, o dobro do índice de alguns países europeus. Diante destes dados e do Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, não podíamos deixar de falar sobre o nascimento prematuro.

Mas, afinal, o que é prematuridade?

Todo bebê que nasce antes de se completarem 37 semanas de gestação é considerado prematuro.  Existem três divisões:

  • Os que vieram ao mundo antes das 28 semanas, os “prematuros extremos”, e necessitam de mais cuidados;
  • A faixa de prematuros considerados “intermediários”, que nascem entre 28 e 34 semanas, e que estão na faixa de maior parte dos prematuros;
  • E, por fim, os chamados “prematuros tardios”, que nascem entre 34 até 37 semanas.

Da mesma forma que a medicina avança, a prematuridade consequentemente também apresenta mudanças no cenário! Nas últimas décadas, a tecnologia, especialização e tratamento dos prematuros têm se desenvolvido e permitido evolução. Há dez anos, por exemplo, um bebê com menos de 750 g tinha uma sobrevida menor de 20%, e atualmente esse índice chega a 40%; já os bebês acima de 1 kg têm de 90% a 100% de chance de sobrevida.

As histórias de bebês nascidos ainda mais cedo e que sobrevivem já começam a se somar:

  • Hailie nasceu em fevereiro de 2017 com 23 semanas – seu crânio não estava totalmente formado, e era possível ver o cérebro através de sua fina pele vermelha;
  • Abiageal nasceu em março de 2017 em Surrey, na Inglaterra, com 23 semanas e um rompimento no intestino; passou por uma cirurgia com seis dias de vida;
  • Um garoto nasceu em outubro de 2018 em Tokio, Japão, com 268 gramas;
  • Saybie nasceu em Nova York em dezembro de 2018 com 23 semanas e 245 gramas – foi considerada, então, “a menor bebê do mundo”;
  • Heloísa nasceu em 16 de fevereiro de 2019 em Poços de Caldas, MG, com 23 semanas e 605 gramas.

Mas você sabe por que o bebê pode nascer antes da hora?

Vários fatores podem aumentar o risco de uma gestante ter um bebê prematuro; dentre os mais frequentes, estão: hipertensão, prematuridade anterior, diabetes gestacional, malformações congênitas, gestação de gêmeos, idade materna, posicionamento da placenta, deficiência de progesterona, problemas vasculares e ainda as causas desconhecidas – ou seja, há alguns que podem ser prevenidos e acompanhados, e outros não.

De qualquer forma, estando inserida em um desses contextos, é ainda mais importante que a mãe faça o pré-natal – que, neste caso, chamamos de “pré-natal de alto risco”. Esse pré-natal vai tentar prevenir a prematuridade, ou seja, ainda é possível ter o bebê no período certo; a apresentação de uma dessas condições não significa prematuridade obrigatoriamente.

O desenvolvimento do pequeno mundo dos bebês

Quais são as características mais comuns dos bebês prematuros? Principalmente, fragilidade e dificuldade de desenvolvimento dos órgãos:

  • Com menor desenvolvimento, o cérebro pode prejudicar a maturidade do sistema neuromotor; ainda, pode apresentar alguma malformação, tem mais risco de hemorragia intracraniana e de sofrer algumas complicações neurológicas;
  • Nos olhos, a retina, a parte do fundo do olho, pode ser bem diferente do comum, então é preciso acompanhamento com oftalmologista;
  • Na parte respiratória, é comum eles precisarem de algum suporte ventilatório – os ventiladores estão cada vez mais modernos, além do uso de proteína surfactante, que se tornou uma grande aliada para possibilitar a respiração em bebês prematuros, que normalmente têm os pulmões ainda mal formados;
  • Pode haver displasia broncopulmonar, uma sequela da imaturidade dos pulmões que pode persistir na infância e na vida adulta, com mais risco de complicações respiratórias;
  • Na parte cardiológica, é preciso atenção: o coração do bebê dentro da barriga da mãe se apresenta diferente de um coração já nascido, bem como sua circulação. Quando prematuro, o sistema cardiovascular ainda funciona como se estivesse dentro da mãe, e por isso pode haver alguma complicação, exigir uso de medicamentos ou até mesmo de cirurgia;
  • O trato gastrointestinal sofre grande risco de infecção e certa intolerância à alimentação; pode apresentar como complicação a entericolite necrosante, podendo evoluir até com perfuração do intestino;
  • Prematuros podem receber leite materno, mas às vezes não conseguem mamar na mãe. Se houver dificuldades, podem ter que receber o leite por sonda ou mesmo via parenteral, pela veia.

Apesar das intercorrências geradas pela prematuridade em alguns bebês, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento, uma equipe preparada para auxiliar a estimulação precoce e os cuidados necessários favorecem ganhos importantes e atua de forma preventiva nos prematuros, resultando em uma ida para casa tranquila e preparada!

Seu bebê vai ou já nasceu prematuro? Mune-se de fontes confiáveis, informe-se com especialistas, tenha uma rede de apoio! Aproveitamos para deixar uma dica: conheça a Associação Brasileira da Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG – eles se dedicam à prevenção do parto prematuro, educação continuada para profissionais de saúde e defesa de políticas públicas voltadas aos interesses das famílias de bebês prematuros.

Dra. Juliana Franco, hematopediatra e pediatria geral e Dra. Paula Brito, endocrinopediatra e pediatria geral