Refluxo: entenda o que é, os sinais e como cuidar

Postado em 19 de abril de 2018 por .

Dra. Daniela Gorga do Amaral Pereira, pediatra geral e gastropediatra da Clínica Pediátrica Pueritia

Quem não conhece uma criança com refluxo? Ele é mesmo tão frequente assim? E, afinal, o que é refluxo?

Hoje, procuro sanar essas dúvidas para você entender melhor porque acontece, quais os desdobramentos e sinais.

O refluxo gastroesofágico (RGE) é a passagem do conteúdo gástrico para o esôfago com ou sem regurgitação e/ou vômito. Ou seja, é quando o alimento volta do estômago para o esôfago, o que ocorre, principalmente, após a amamentação ou alimentação. Por ser fisiológico, ocorre com todo mundo, em qualquer fase da vida.

Quando o refluxo ocorre de uma forma exarcebada e causa qualquer tipo de desconforto e/ou alguma complicação, o denominamos como DOENÇA do refluxo gastroesofágico, condição que acomete cerca de 11% dos lactentes.

Confira, a seguir, os sintomas e sinais que podem estar associados à doença do refluxo em bebês e crianças de 0 a 18 anos:

 

refluxo sintomas e sinais

 

 

Refluxo tende a diminuir com o crescimento

Em lactentes saudáveis, os episódios de refluxo ocorrem trinta ou mais vezes por dia, e eles nem sempre chegam a expelir o líquido (regurgitação). Mesmo assim, metade dos bebês de até três meses apresenta queixa de regurgitações e esse índice chega a 61% nos de quatro a seis meses.

O refluxo é mais comum nos menores justamente por conta da alimentação e da posição; afinal, o bebê toma muito líquido e fica a maior parte do tempo deitado. Além disso, seu esfíncter esofágico inferior, que funciona como uma barreira, só se torna operante por volta de 12 a 18 meses.

refluxoDos dez a 12 meses, apenas 5% são acometidos pelo desconforto. Esses números mostram que o crescimento e a evolução natural do bebê melhoram o quadro, independente de tratamentos.

Para o diagnóstico da doença, não há nenhum exame padrão para detectá-la; utilizamos a história clínica junto com sinais de alarme. Alguns exames diagnósticos, como raio x contrastado, cintilografia e endoscopia, nos auxiliam a identificar outras doenças com sintomas semelhantes e complicações, mas não a doença do refluxo propriamente.

Para crianças que apresentam muitos episódios de regurgitação, podemos utilizar algumas medidas não farmacológicas para melhora dos sintomas, como:

  • Uso de espessantes (famosas fórmulas antirrefluxo);
  • Redução do volume das refeições e aumento da frequência;
  • Medidas posturais, como elevar o corpo do pequeno ao deitá-lo, ou deitá-lo virado para o lado esquerdo. Mas atenção: essas medidas posturais só são indicadas em crianças maiores de um ano!

Já para as crianças com diagnóstico de doença do refluxo, é necessário o uso de medicações e eventualmente da realização de cirurgia – em casos complicados ou que não respondam aos medicamentos.

Assim, não se assuste:

  • O refluxo e a regurgitação em bebês é comum e, sim, pode acontecer várias vezes no dia;
  • Com o desenvolvimento do bebê, os episódios tendem a se reduzir;
  • Bebês raramente precisam de tratamentos; é a avaliação médica que define o diagnóstico e essa necessidade.

Percebeu algum sinal e sintoma recorrente ou precisa tirar dúvidas sobre o assunto? Procure sempre o pediatra para te auxiliar; as visitas regulares são importantíssimas para o acompanhamento da saúde de seu filho e o desenvolvimento saudável!