Teste do pezinho: entenda a importância deste exame

Postado em 7 de julho de 2017 por .

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Dra. Paula Brito, pediatra geral e endocrinologista pediátrica da Clínica Pediátrica Pueritia

Algumas mamães ficam receosas quando chega a hora da picada no calcanhar do recém-nascido, o conhecido “teste do pezinho”. Mas acredite: este exame é importante para diagnosticar precocemente algumas doenças – metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas – antes mesmo do bebê apresentar sinais ou sintomas. A coleta, realizada no momento adequado, detecta a enfermidade e previne sequelas graves e até mesmo a morte.

O teste do pezinho deve ser realizado após 48 horas de vida e, preferencialmente, antes do 5º dia. Em casos especiais, como os bebês prematuros ou com peso menor que dois quilos, o teste deve ser coletado à admissão na UTI neonatal, com 48 horas e repetido aos 28 dias de vida.

O exame de triagem neonatal obrigatório foi trazido ao Brasil pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em 1976 e, de tão importante, ganhou até uma data comemorativa pelo Ministério da Saúde: 6 de junho se tornou o Dia Nacional do Teste de Pezinho.

Desde que foi implantado em âmbito nacional pelo SUS (versão básica e gratuita) em 2001, o teste contribuiu muito para a diminuição da mortalidade infantil e melhora da qualidade de vida das crianças. Na rede privada, o exame ampliado pode detectar ainda mais doenças – geralmente mais de 30.

É importante lembrar que estes exames não são diagnósticos, mas sim uma triagem para encontrar o maior número possível de casos. Assim, os positivos necessitarão de exame posterior mais detalhado, avaliação de um especialista e, se confirmado o diagnóstico, o respectivo tratamento.

 

Picadinha no calcanhar?

A amostra de sangue é retirada deste local do recém-nascido porque ali há um grande fluxo sanguíneo, o que facilita a coleta. O sangue é colocado em um papel mata-borrão, extremamente absorvente, e enviado para análise.

Geralmente, o resultado sai em até 30 dias e, caso haja alguma alteração, uma nova coleta é solicitada. Especialistas garantem: este furinho pode mudar a vida do seu filho!

Algumas das principais doenças que podem ser detectadas são:

  • Fenilcetonúria: pode causar atraso importante do desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência mental e convulsão. O tratamento é a exclusão de fenilalanina da dieta que, neste caso, é produzida em excesso;
  • Hipotireoidismo congênito: se não tratado nos primeiros meses de vida, pode causar deficiência mental grave e baixo ganho de peso/déficit de crescimento importantes;
  • Anemia falciforme: uma alteração do formato da célula vermelha do sangue leva a uma anemia grave, maior risco de infecções, crises de dor em membros ou outros locais onde o fluxo de sangue ficar prejudicado. Medicações e, às vezes, transfusões são necessárias para melhor controle da doença;
  • Fibrose cística: um muco espesso é produzido em diversos órgãos, facilitando infecções respiratórias de repetição e problemas digestivos, entre outros. Apesar de ainda não ter cura, diversas medidas terapêuticas têm melhorado a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes afetados;
  • Hiperplasia adrenal congênita: a falta de uma enzima causa desequilíbrio hormonal. Há aumento dos andrógenos (hormônios masculinos) em ambos os sexos e, em alguns casos, perda de sal e risco de vida. A menina pode apresentar uma genitália masculinizada ao nascimento;
  • Deficiência de biotinidase: a criança pode apresentar atraso no desenvolvimento, convulsões, erupções na pele, perda da audição, problemas de fala, entre muitos outros. O tratamento é feito com a reposição da vitamina biotina, que previne os sintomas e deve ser feito por toda a vida.

Não deixe de tirar suas dúvidas com o pediatra sobre cada enfermidade e a importância do teste do pezinho. Os médicos da Clínica Pediátrica Pueritia estão de portas abertas antes mesmo da chegada do bebê – marque a primeira consulta ainda durante a gestação.