Virei mãe de gêmeos!

Postado em 12 de julho de 2018 por .

E, de repente, você escuta: “Parabéns, você será mãe de gêmeos!”. O que fazer nessa hora? Chorar? Mas de alegria ou de desespero?

mãe de gêmeos

Dra. Daniela G. do Amaral é pediatra geral e gastropediatra da Clínica Pediátrica Pueritia – e mãe da Olívia e da Paola

Sem dúvidas de alegria, de muita alegria! Não poderia imaginar maior presente para uma mãe. Lógico que ser mãe é sempre um privilégio, não importa se de um ou de 30 – cada filho é sempre único, mas confesso que a experiência de ser mãe de gêmeos é sensacional!

É trabalhosa? Ah, sim, para isso você deve estar preparada – mas antes de falarmos do trabalho em si, considere o que vai começar a ouvir. TODOS que souberem que você é mãe de gêmeos vão te perguntar: “Nossa, mas dá muito trabalho?”. Também terá que lidar com a sua pequena fama repentina porque, em qualquer lugar que você for com seus filhos, vão parar para te perguntar: “Meu Deus, são gêmeos? São idênticos? Mas tem gêmeos na família ou você fez tratamento?”. Isso quando não te abordarem para comentar enquanto você come em um restaurante – pois é, isso aconteceu de fato comigo!

 

O segredo é a rotina

Mas voltando ao “trabalhoso” – sim, é trabalhoso, tanto quanto ter um bebê! Se você tiver organização e rotina, as atividades se tornam simples. Se precisasse dar apenas uma dica a uma mãe de gêmeos, seria ROTINA. Se para um bebê isso já é importante, imagina para dois. Rotina estabelecida desde a maternidade.

Atualmente, orientamos amamentar sempre que o bebê solicitar – a famosa livre demanda. Para gêmeos, isso se torna um pouco complicado; pelo menos, foi para mim. Apesar de não ser nada fácil, principalmente por conta da posição, amamentá-las sempre ao mesmo tempo me ajudou a estabelecer a rotina.

mãe de gêmeos

 

Outra particularidade de gemelar é a necessidade de ajuda do(a) companheiro(a) e uma boa afinação deste relacionamento. Quando temos apenas um bebê, dependendo do quanto a mãe é protetora e o pai acomodado, a mãe consegue fazer tudo! Com gêmeos, isso é quase impossível – e olha que sou desse tipo, mas meu marido, pelo contrário, não é nada acomodado; mesmo que fosse, não teria muita chance de não participar. Esse apoio é fundamental – não digo isso para que todos contratem uma babá em período integral, pois a gente consegue, sim, ficar sozinha com os dois. Mas, muitas vezes, precisamos de alguém ajudando com uma das crianças para que possamos dar mais atenção/cuidado à outra.

mãe de gêmeos

Irmãos que se descobrem: Olívia tenta mastigar a mãozinha da Paola

E para que a possamos ficar nem que seja eventualmente sozinha com eles, é imprescindível um carrinho de gêmeos! Pelo menos para mim, o carrinho é o porto seguro, onde consigo deixá-las seguras para que possa ir ao banheiro, tomar um banho ou dar uma volta sozinha! Para quem tem apenas um bebê, pode dizer o mesmo de um berço ou um cercadinho, mas, com dois, você tem que se preocupar com a possibilidade da interação e do contato entre eles – de um resolver naquele segundo dar uma mordidinha, ou perceber a existência dos cílios no irmão, o que, muitas vezes, pode se tornar um pequeno acidente.

 

Amor de irmãos

Por outro lado, acho que essa interação entre eles é uma das coisas mais lindas da gemelaridade. É incrível você acompanhar como eles vão percebendo um ao outro e como sua amizade e carinho vão se desenvolvendo.

A interação também traz um pouco de ensinamento: não dá para atender os dois imediatamente, ao mesmo tempo. Então, um tem que esperar. Uma das frases que mais me pego falando para minhas filhas é: “Calma, agora é a vez da sua irmã!”. Imagino, assim, que já estejam aprendendo a esperar, a dividir.

mãe de gêmeosAlgo que também me impressionou foi identificar, desde o primeiro dia de vida, que cada uma tem sua personalidade. Isso, inclusive, é outro ponto fundamental: você aprender a respeitar essa individualidade! Não importa se idênticos ou não, cada pessoa é uma pessoa e, apesar da mesma criação, cada um se desenvolve no seu tempo e tem sua personalidade.

Não adianta falar que não se devem fazer comparações, pois seria hipocrisia; tendemos a compará-los o tempo todo, mas temos que saber interpretar essa comparação. Ela tem que servir para nos alertar se tiver algo de errado e para conseguirmos cada vez mais visualizar e respeitar suas particularidades.

Esclareço que estou aqui falando hoje como MÃE, e não como pediatra, e que o que funciona para mim e para minha família, muitas vezes, não funciona para outras. Por isso, se tiver que resumir em poucos termos o que acredito que funciona para todas as famílias, independente do número de filhos, respondo: BOM SENSO!

Agora que dividi algumas de minhas experiências com vocês, organizarei uma segunda parte para este texto, abordando a maternidade de gêmeos do ponto de vista médico. Este será o tema do próximo post do nosso blog. Acompanhe!

 

mãe de gêmeos

Paola, mamãe Daniela e Olívia: orgulho estampado no rosto