AME: Amiotrofia Espinhal Progressiva em crianças

Postado em 2 de dezembro de 2020 por .

Dr. Eduardo Perrone, especialista em Genética Médica da Pueritia

Você já ouviu falar sobre uma criança com AME? A Amiotrofia Espinhal Progressiva, ou Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença neurogenética causada por variantes genéticas patogênicas em um gene denominado SMN1. Esse gene é importante para manter a sobrevivência dos neurônios e, se não funciona adequadamente, há uma morte prematura dos neurônios motores na medula do paciente, resultando na fraqueza muscular progressiva da criança.

Existem diversos tipos de AME. Os casos mais graves podem já apresentar manifestações pré-natais e a criança pode nascer com rigidez articular importante, além de insuficiência respiratória, hipotonia e dificuldade para engolir. Nos casos intermediários, o paciente pode não conseguir sentar e/ou andar; já nos casos mais leves, o paciente pode apresentar uma fraqueza muscular mais tardia, com dificuldade de deambulação.

Quais são as causas da AME?

Todos nós temos duas cópias de cada gene em nosso DNA, sendo cada uma delas herdadas de nossos genitores. Para que a AME se manifeste, é necessário que ambas as cópias do gene SMN1 não sejam expressas, em um padrão de herança que denominados de autossômico recessivo. Nesse sentido, os pais do paciente com AME são geralmente portadores de apenas uma cópia alterada do gene e, por isso, não manifestam sintomas.

Mas quando cada um deles passa uma cópia alterada do gene para seus filhos, pode acabar gerando crianças com duas cópias ausentes, que irão manifestar a doença. Pais portadores de variantes genéticas patogênicas em SMN1 têm 25% de chance de terem filhos com AME, segundo o Instituto Nacional de Atrofia Espinhal Muscular – Iname .

A doença parece ter uma relação entre o número de cópias que temos de um outro gene, denominado SMN2, e o quadro clínico do paciente com maior número, na presença de variantes genéticas em SMN1, pode se manifestar de forma mais leve.

A AME tem tratamento?

Atualmente, com a evolução das terapias para doenças genéticas, existem alguns medicamentos direcionados para o tratamento da doença, com objetivo principal de melhorar os marcos motores atingidos por essas crianças e retardar a evolução da patologia.

Um dos tratamentos, já disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é o nusinersena (Spinraza®️). Esse medicamento atua aumentando a expressão da proteína SMN2, que, como já mencionado, é responsável por modular o quadro clínico apresentado.

Atrofia Muscular Espinhal (AME)

Existe também outro tratamento já aprovado pelo FDA e ANVISA, baseado em terapia gênica, denominado Zolgensma®️. Nesse caso, as cópias do gene que não funcionam (SMN1) são inseridas nas células do paciente através de um vetor viral que carrega esse gene. Desse modo, as cópias não funcionantes do gene SMN1 no paciente afetado são substituídas por cópias funcionantes. Esse tratamento, no entanto, ainda não está disponível nem pelo SUS e nem no sistema de saúde suplementar. E infelizmente a medicação está dentro do grupo de medicamentos mais caros do mundo.

Os pacientes com AME, além do tratamento farmacológico, necessitam de acompanhamento com equipe multiprofissional composta por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, médicos pediatras, neurologistas e geneticistas. As terapias são importantes para a manutenção e progressão dos marcos de neurodesenvolvimento nesses pacientes.

O geneticista tem um papel importante na avaliação dessas crianças e na indicação do teste molecular mais adequado que deve ser realizado para o diagnóstico. Além disso, também é fundamental no processo de aconselhamento genético das famílias como forma de prevenção primária dessa patologia.

Deseja entender um pouco mais sobre a AME? Mande uma mensagem via WhatsApp e agende a consulta comigo, Dr. Eduardo Perrone, especialista em Genética Médica da Pueritia. Estarei de braços abertos para tirar todas as suas dúvidas