Sinais de fome e saciedade: como identificar e criar uma boa relação com a comida na primeira infância (0 a 2 anos)

Postado em 29 de junho de 2021 por .

Tatiana Kapustin (CRN-3 38619)
Nutricionista

Os sinais de fome e saciedade auxiliam a pessoa a perceber o momento de iniciar e terminar uma refeição. Eles podem guiar a quantidade de alimentos necessária para manter um bom funcionamento do organismo. Sinais de fome podem ser caracterizados por dor de cabeça, tontura, dor no estômago, salivação excessiva ou pensar muito em comida; já os de saciedade seriam a sensação do estômago cheio, bem-estar geral ou conforto. Esses sinais são inatos e fisiológicos, e ao longo do nosso desenvolvimento aprendemos a associá-los com a fome e a saciedade. Portanto, como identificar essas sensações nos bebês que ainda não verbalizam suas necessidades?

Identificar esses sinais de fome e saciedade no bebê auxilia na indicação de prontidão para o início da introdução alimentar (por volta dos 6 meses de idade). Independentemente do método adotado (tradicional – método mais passivo, no qual o bebê somente é responsável por consumir os alimentos oferecidos pelos cuidadores), BLW ou Bliss (método que garante mais autonomia ao bebê, proporcionando a exploração de diversas texturas, sabores e preparações) – identificar e respeitar esses sinais são um aspecto importante para pais e cuidadores do bebê.

Lembrando que antes de se iniciar a introdução alimentar, é importante observar também outros sinais de prontidão do bebê como: se ele consegue sustentar a cabeça, sentar na cadeira com apoio adequado e se já demonstra interesse em explorar o ambiente com as mãos.

Como identificar os sinais de fome e saciedade no bebê e na criança?

O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde, descreve alguns desses sinais de fome e saciedade divididos por faixa etária (dos 6 meses aos 2 anos):

Sinais de fome e saciedade na primeira infância

É importante lembrar que cada bebê tem o seu desenvolvimento único e que a demonstração desses sinais de fome e saciedade poderão variar para mais ou menos idade (isso é normal). 

Se alimentar é um ato aprendido, e leva tempo (o bebê precisa aprender a mastigar, lateralizar o alimento, engolir, morder e se habituar a diferentes texturas, tamanho, sabores e temperaturas dos alimentos – para isso irá usar os cinco sentidos: tato, paladar, olfato, audição e visão). 

Em alguns momentos, o bebê irá se recusar a comer ou se distrair com o ambiente, principalmente nos primeiros dois anos de vida (fase de exploração, natural do desenvolvimento infantil). Por esse motivo, é importante proporcionar um ambiente acolhedor e seguro no momento das refeições (sem distrações – smartphones, televisões, tablets e computadores e brinquedos) e se possível permitir que ele participe das refeições em família.

Momento da refeição e a relação com a comida

Sabemos que uma boa relação com a comida pode ser estabelecida desde a infância, no momento da introdução alimentar. É importante permitir que o bebê possa explorar os alimentos com segurança, alimentando-se num ambiente seguro e acolhedor. A partir de 1 ano de idade, pode-se começar a estabelecer uma rotina alimentar (café da manhã, almoço e jantar) e variar o cardápio da semana (explorando diferentes texturas, sabores, aromas e preparações). 

Sinais de fome e saciedade

Uma das dúvidas frequentes dos pais e cuidadores é sobre a quantidade de alimentos que a criança precisa consumir para garantir um crescimento e desenvolvimento adequado. Para avaliar essa questão, o nutricionista é o profissional mais indicado. Nós avaliamos o consumo alimentar de acordo com as necessidades nutricionais de cada bebê e criança e montamos um planejamento alimentar individualizado considerando o contexto cultural, clínico e socioeconômico de cada família. 

Lembrando que a quantidade de alimentos consumidos por uma criança pode variar num mesmo dia e pode ser que em algumas refeições a criança não queira comer. Em nenhum momento é aconselhado forçar ou usar o alimento como base de troca – a famosa frase “se não comer tudo, não vai brincar”, deve ser evitada. Isso pode prejudicar a relação da criança com a comida e ser um fator de risco para o surgimento das dificuldades alimentares como a seletividade alimentar e o transtorno alimentar restritivo evitativo (Tare).

Se você tem dúvidas de como iniciar a introdução alimentar do seu bebê (qual método é melhor? Quantidades? Quais alimentos ofertar? Como preparar?), se seu bebê/criança está comendo o suficiente para garantir o crescimento ou se já identificou uma dificuldade alimentar na sua criança, agende um atendimento comigo!