Transtorno do espectro do autismo: vamos entender sobre a condição?

Postado em 26 de setembro de 2019 por .

Dificuldade no contato e interação social, atraso na aquisição de linguagem e um padrão de comportamento repetitivo: essas são características principais do transtorno de desenvolvimento neurológico conhecido como transtorno do espectro do autismo (TEA).

Dr. Eduardo Perrone
(CRM 140.230), médico geneticista da Pueritia

O TEA é uma das alterações de neurodesenvolvimento mais comuns, com dados que estimam uma prevalência de até 1 para cada 100 indivíduos. Além disso, aproximadamente 2 em cada 3 pessoas com transtorno do espectro do autismo também apresentam atraso de neurodesenvolvimento e deficiência intelectual.

O transtorno recebe o nome de espectro (spectrum) – representação das amplitudes ou intensidades – porque envolve apresentações diversas estando todas elas  relacionadas com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.

O diagnóstico da condição geralmente é feito por uma equipe multiprofissional composta de psicólogos/neuropsicólogos, neuropediatras e psiquiatras infantis.

A importância da equipe multiprofissional no TEA

Os sinais para o transtorno do espectro do autismo geralmente ficam mais nítidos após os 2 anos de idade; porém, alguns indicativos ocorrem ainda na fase de bebê, e podem servir de alerta: ficar parado no berço sem reagir aos estímulos, evitar sempre o contato visual com os pais e, antes do primeiro ano de vida, apresentar muitos episódios de irritabilidade e agitação.

transtorno do espectro do autismo

Também é comum a criança com TEA se interessar apenas por uma parte do brinquedo; o brincar da criança com TEA também pode ser não convencional, não envolvendo fantasia. Há, ainda, casos de regressão: a criança se desenvolve bem até 1 ano e meio e depois para de sorrir ou de se comunicar.

Até o momento, não há exame específico que indique o transtorno do espectro do autismo, sendo o diagnóstico feito de forma clínica. Também não existe tratamento curativo, mas as terapias com a equipe multiprofissional são fundamentais para melhorar as habilidades que estão deficientes nesses pacientes. Sabe-se que, quanto mais precoce for o estímulo, melhor o prognóstico.

Em aproximadamente 20% a 30% dos casos, é possível encontrar uma causa genética para essa patologia. Os protocolos de investigação de crianças com autismo incluem avaliação com médico geneticista e, a depender do caso, o direcionamento para testes genéticos específicos.

A investigação genética é de fundamental importância para permitir:

  • Averiguação de outras complicações que podem acompanhar o quadro;
  • Aconselhamento genético adequado, prevendo risco de recorrência do quadro em futuras gestações.

Desde o nascimento, os pais e o pediatra devem estar atentos aos primeiros sinais, encaminhando a criança para avaliação especializada, quando necessário. Visitar o especialista com regularidade é essencial, e realizar um acompanhamento com o mesmo facilita perceber a alteração do desenvolvimento neurológico precocemente. Uma vez feito o diagnóstico, é importante a avaliação genética, principalmente nos casos de TEA com deficiência intelectual, TEA com face que sugira síndrome genética e em que apresente outros indivíduos na família com TEA.

Assim como a equipe profissional multidisciplinar, as pessoas próximas precisam conhecer as características do transtorno do espectro do autismo, para auxiliar na reabilitação e inserção da criança com TEA na sociedade; é importante aprender novas formas de lidar com ele e de educá-lo, reconhecendo suas dificuldades e anseios.